12 dezembro 2010

Conversando com o bebê ainda na barriga.


Qualquer mãe, mesmo uma mãe expectante, começa a desejar que o seu bebé comece desde cedo a desenvolver as suas capacidades de aprendizagem, questionando-se em como estimular os seus sentidos, pois a saúde física e mental do bebé é sempre a prioridade de uma mãe.
Cerca do segundo trimestre o bebé começa a reconhecer os sons. Porém, existe muita controvérsia acerca da capacidade do bebé ouvir ainda no ventre. Alguns pais colocam música para o bebé escutar ainda no ventre materno, mas alguns especialistas afirmam que apenas o batimento do coração da mãe é reconhecido pelo bebé.

Novidades científicas

Um estudo recente feito pelo Instituto de Psicologia da Academia de Ciências Húngara e o Instituto de Lógica, Linguagem e Computação da Universidade de Amesterdão dá algumas luzes acerca de que sons o bebé consegue reconhecer enquanto está no útero. As pesquisas sugerem que o som das palavras é abafado pelo líquido amniótico e que o som da música é algo muito complexo. Porém os estudos feitos nesta área também sugerem que o bebé em desenvolvimento é capaz de reconhecer um simples ritmo. As descobertas deste estudo sugerem que os bebés no útero começam a reconhecer ritmos tão cedo como os 3 meses de gestação.

E como é que um bebé no útero aprende?

A primeira fase de aprendizagem era previamente reconhecida apenas a partir do nascimento do bebé e até cerca dos 2 anos de idade. Estas recentes descobertas, porém, concluíram que a aprendizagem do bebé (capacidade de identificar e recordar ritmos) começa no útero. Assim sendo, a idade pré-natal é a ideal para começar a enriquecer a capacidade de aprendizagem do seu bebé.

O que se concluiu 

Os cientistas mediram os sinais cerebrais de bebés recém-nascidos com 2 e 3 dias de idade. Foram tocados ritmos básicos de rock e escutados pelos bebés através de headphones. Sempre que o ritmo alterava ou o tempo musical falhava, os cérebros dos bebés indicava que eles estavam a responder como se estivessem à espera do ritmo não tocado.
De acordo com este estudo, aparentemente a capacidade de detetar batidas de ritmos e sons em sequências é uma capacidade do bebé, já funcional à nascença. Simples sons, como os sons similares ao bater do coração da mãe, são mais fáceis de assimilar pelo feto e poderão possivelmente ser algo inato.
Dar a escutar ao bebé, ritmos e tons apropriados, é apresentar-lhe a perceção básica e os princípios do raciocínio tais como a comparação, o contraste, a repetição e alteração. Isto inclui a nossa primeira aprendizagem. Quando introduzida, esta aprendizagem, na fase pré-natal, os processos de desenvolvimento do bebé ficam mais fortalecidos.

O que pode ser feito, então?

Independentemente do resultado, todo o tipo de atividades que incluam conversar com o bebé na barriga ou dar-lhe música a ouvir, são atividades que aumentam os laços com o bebé, e só por isso importantes. Existem marcas como a BabyPlus que tem um sistema educacional que introduz os sons aos bebés no útero, sendo usado uma espécie de sons semelhantes ao bater do coração da mãe, para promover a aprendizagem do bebé ainda no útero. Os recém-nascidos naturalmente gostam de responder aos sons das vozes familiares, especialmente dos pais. Eles olham diretamente para a fonte da voz, sorriem, movem-se, e mostram prazer quando se conversa ou murmura para eles. Por tudo isto e muito mais, é importante que comunique com o seu bebé, independentemente da linguagem.

A voz da mamãe...


           Um estudo dos pesquisadores alemães põe por terra a antiga tese segundo a qual o som do choro do bebê nos primeiros dias de vida está relacionado apenas às suas necessidades, expressando principalmente fome e dor. Muitas mães, além dos pediatras, conseguem identificar o que a criança está pedindo pelo tipo de choro e expressão facial. Agora, sabe-se que, além disso, o choro carrega um forte vínculo com a memória dos últimos períodos de gestação. Através dele, o bebê procura reforçar sua relação com a mãe, imitando sua voz. Ainda não se conhece a exata percepção que os bebês têm dos sons enquanto estão no útero. Mas é possível afirmar que a nitidez dos ruídos é prejudicada pelo líquido amniótico, em que estão imersos, que acaba funcionando como uma barreira para as ondas sonoras. Os tons mais agudos são parcialmente bloqueados, enquanto os graves chegam aos ouvidos do bebê com mais facilidade. Algo parecido com o que acontece quando alguém mergulhado numa piscina procura distinguir os sons de fora dela. Mas a voz da mãe, apesar de aguda, como costumam ser as vozes femininas, é facilmente captada pelo bebê. Depois do parto, ele consegue reconhecer a mãe pela voz.
             Estudos anteriores relacionando os bebês no útero aos ruídos externos comprovam que eles têm memória sonora. Numa pesquisa feita em 2001 por cientistas da Universidade de Leicester, na Inglaterra, grávidas ouviram uma única música durante os três últimos meses de gestação, diversas vezes. Os cientistas perceberam que os bebês conseguiam reconhecer e preferiam essas canções até depois de 1 ano de idade. "Os sons que os bebês escutam durante a gestação tendem a acalmá-los no futuro", explica Adolfo Liao, professor de ginecologia e obstetrícia da Universidade de São Paulo. Muitas mães, buscando tranquilizar o bebê, ouvem música clássica. Algumas chegam a colocar fones de ouvido na barriga para potencializar o efeito calmante da música. "Digo para meus pacientes que melhor do que ouvir música é conversar com o bebê, uma vez que a voz da mãe remete a sensações de conforto e proteção", afirma Adolfo Liao.
Já a ideia de que se pode doutrinar o gosto musical de uma criança enquanto ela está no útero é falsa. Pesquisas nesse sentido foram realizadas e não se conseguiu provar que ouvir axé music ou Beethoven determine as preferências da criança no futuro. "O bebê provavelmente vai se lembrar do que escutou, mas o gosto será determinado pelo meio, pelos outros estímulos que terá em vida", afirma o obstetra Eduardo Zlotnik. O que há de concreto é que os bebês se habituam à voz materna e a usam como a primeira referência sonora na vida. 

Fonte: http://veja.abril.com.br